sábado, 22 de abril de 2017

Desculpa interromper, mas podemos misturar algumas coisas?

É isso.
Minha cabeça está uma bagunça, então essa postagem estará uma bagunça também. Estou pegando tudo e jogando no liquidificador. Vou misturar tudo. E aí talvez eu possa ser hipócrita e justa comigo mesma.

Eu já tentei cometer suicídio e não foram só duas ou três vezes. Foram várias. E olha, eu tentava tanto para punir as pessoas quanto para me punir. Sabe como isso soa estúpido? Você tentar se matar porque alguém te magoou tão profundamente que você acha que nunca vai superar aquilo e quer dar uma lição na pessoa através da sua morte? Sim. Você vai ler, você vai julgar. E vai dizer pra mim:
- É, Viviane, isso é estúpido.
Mas na hora, no calor do momento, não é estúpido, faz perfeito sentido. É como uma criança brigando com os pais e de propósito "fugindo de casa" por umas horas para preocupá-los. É maldoso. É egoísta. Mas é real. Não tenho o controle das minhas emoções nos poucos momentos de crise e essa era uma das coisas que eu pensava. "Espero que fulano nem compareça ao meu enterro. Pera. Que enterro? Eu quero ser cremada. Bom, não chore em cima das minhas cinzas. Não desperdice seu tempo se preocupando agora quando poderia ter se preocupado antes./ Espero que eu volte como um fantasma para assombrar a vida dele(a)./ Espero que eu não volte e ele(a) não consiga lidar com a culpa."
Agora, vai. Me chama de estúpida.
Já o suicídio para me punir eram sempre os piores pensamentos. Era quando eu achava que para começar, nem deveria ter nascido. Foi "meu primeiro erro". Eu só faço coisas erradas, eu não dou conta das minhas responsabilidades, eu não controlo meus impulsos, as crises vem e assustam as pessoas, meus pais gastam muito dinheiro com remédios por minha causa, não posso ser uma perdedora para sempre, ninguém se importa, ninguém liga, as pessoas DIZEM que ligam, falam muito isso o tempo todo, mas elas não ligam de verdade, elas não se importam o suficiente. Talvez se eu morrer, vai passar um tempo, todos vão esquecer e a vida vai seguir com menos problemas para todo mundo.
Era exatamente isso que eu pensava. Vai, repete. "Estúpida".
Mas eu não posso me matar para punir pessoas. Na verdade, elas vão cagar para isso. Eu vou é ficar aqui para atormentar a vida delas sabendo que eu estou viva, bem, feliz sem elas. Essa foi minha primeira decisão. E, bem, quanto a ter nascido. Eu nasci. Ok. Mas se eu não devia ter nascido, por que que quando eu era criança eu superei tantas doenças respiratórias e sei lá mais o que, em que o médico dizia para minha mãe que eu ia morrer? Lá nos meus auges de criança, eu já dizia mentalmente "Foda-se isso aqui, eu vou ficar."



Você não pode comparar as dores. Meu Deus, isso é insano e me tira a paciência. Eu sinto uma dor, lá vem a depressão de fininho, a pessoa vem e me diz "Ah, mas por que você tá assim? Sabe, tem gente na fila do hospital que não vai conseguir atendimento a tempo e vai morrer ali. Tem gente com câncer contando seus dias." Bem, eu sinto muito, de verdade, por todas as dores que existem. Mas nenhuma dor é maior que a outra. Todo mundo se sente de uma maneira singular e terrível com coisas diferentes, problemas diferentes. Eu odeio quando as pessoas dizem também "Eu só tenho ansiedade. Não é nada comparado a ter outros problemas maiores tipo bipolaridade ou esquizofrenia." Caralho. Ok, talvez você não tome mais quatro remédios além do que essas outras pessoas, mas você sofre. Você fica mal. Sua cabeça vai no inferno e volta. Por que você tem que se impedir de sofrer ou se diminuir por isso?



- Homens que me passam cantada na rua, eu não vou nem pedir desculpas por todas as vezes que eu virei, encarei vocês e dei o dedo do meio. Ou às vezes em que eu gritei "babaca!" ou seus sinônimos. Esse ponto é só para dizer isso mesmo: não estou minimamente arrependida de apontar que vocês são uns babacas, porque vocês são. Eu não pedi um elogio, ainda mais de cunho malicioso. Vocês me dão nojo. -


Ultimamente eu não choro mais. Não sei bem como funciona o processo de chorar. Parece muito complicado. Eu fico muito frustrada quando as merdas acontecem (ou quando meu cérebro faz as merdas) e eu fico com muita raiva. Eu chuto cadeiras, destruo objetos, quebro algo, soco a parede até esfolar a mão, mas eu não digo nada. Não derramo lágrimas. Acho que eu já chorei tanto nos últimos, sei lá, 4 anos, que eu tô seca. Não tem mais nada para derramar, mas tem uma porção de coisas para esmurrar e quebrar.



Descobri que não sei mais o que a palavra perdão significa para mim. É confuso, mas eu me imagino olhando certas situações que poderiam acontecer e eu diria "Olha, eu te perdoo por ser babaca", mas acho que não conseguiria. Não, não acho, tenho certeza. Eu só iria embora para não perder meu tempo. Eu não adotaria essa postura para qualquer pessoa ou por qualquer problema bobo que pode ser resolvido. Mas em certas situações... Bem, vocês podem todos irem a merda. Com carinho.




Eu não vou dar pitaco online sobre a série 13 Reasons Why. Aparentemente, todas as redes sociais já estão cheias de pessoas que sabem demais sobre o assunto e não querem argumentar, apenas apontar dedos. Cansativo, frustrante. No máximo eu vejo algo interessante e repasso, mas a minha opinião fica para mim.


Ah, claro, como eu ia esquecer disso...
Tenham um bom feriado.


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