sábado, 28 de janeiro de 2017

Desculpa interromper, mas precisamos falar sobre ontem a noite (dia 3)

Não tem um jeito fácil de começar isso. A minha intenção com esse blog é ajudar as pessoas, para que elas leiam e não se sintam sozinhas ou não pensem que tudo está perdido. Minha intenção de ajudar, porém não muda o fato de que eu posso eventualmente vir a ter recaídas. Recaídas são normais. Eu não tinha uma há quase 9 meses ou mais, uma gestação de não-recaídas. Em menos de dois minutos eu estava sem nenhum controle sobre meu corpo ou minha cabeça. Eu poderia dizer que eu tive sorte ontem pelo meu namorado estar aqui em casa e não ter deixado nada pior acontecer, mas ao mesmo tempo isso me deixa puta triste porque ele viu cenas e um lado meu que raríssimas pessoas viram. E isso é triste. E eu sei que é impactante, foi impactante pra ele, mesmo que ele não admita.

Eu não queria reler o que eu disse ou para quem eu disse hoje pela manhã então larguei o celular em algum lugar aleatório. Pior que isso, eu vi quantas pessoas eu arrastei para essa situação. Pessoas que eu nem esperava que se preocupariam pois não tem o menor contato comigo há tempos estavam preocupadas, até desesperadas para ligar para os meus pais. Naquele momento, essa preocupação ou carinho não passou pela minha cabeça. Soa bastante egoísta, não? Eu sei.

Mas sim, eu acordei hoje como se um trator tivesse passado por cima de mim e morrendo de vergonha de olhar o Whatsapp e encontrar lá as pessoas que se importaram e que eu não dei valor. Lembro de ter mandado um "desculpa" para elas ontem e depois ter ficado acordada por algumas horas, enquanto meu namorado dormia segurando minha mão e pensando que eu era a porra de um furacão no meio da tempestade. Ao mesmo tempo, uma voz ficava repetindo "Fica calma, amanhã quando acordar vai ser um novo dia, você vai ser uma nova pessoa, vai ter tempo pra pensar no que aconteceu ontem. Vai seguir adiante, porque é isso que você faz."

Então, eu faço os meus mais sinceros pedidos de desculpas a quem eu deixei com o coração na garganta. Pessoas que estavam no Rio, pessoas que estavam em Tocantins, pessoas que eu não faço ideia de onde estavam e eu estava no meu quarto certa de uma decisão que machucaria todo mundo que eu conheço. Me desculpem por ter assustado vocês. Me desculpem por não ter conseguido segurar. Me desculpem por sair da minha fase de gestação de não-recaídas. Me desculpem se estraguei a noite de alguém. Não foi a Viviane consciente que fez isso, foi algo mais profundo dentro dela.

Mas mesmo a Viviane consciente conseguiu seu espaço ontem e deixou um recado para as pessoas, uma gravação. Ela conseguiu, antes de se deitar, tomar o lugar que era dela e falar algo.

"São 02h29 da manhã e eu acabei de passar por uma crise muito grande... e o meu namorado Gustavo estava aqui comigo e ele me ajudou. Mas o que eu passo para vocês... não é só a ajuda de uma pessoa nem a preocupação de dezenas de pessoas e nem a preocupação dos seus familiares, por mais importante que isso seja, por mais que isso valha a pena, o mais importante é você reconhecer que você tá no meio de uma crise. O mais importante é você se segurar quando você conseguir, deixar vir, chorar e tentar ao máximo não se machucar nem fazer merda e saber que você vai passar por isso... como eu tô agora, como eu passei agora e... e pesa numa balança se é válido você fazer alguma besteira por algum pequeno problema que você pode resolver depois e deixar várias pessoas que você gosta preocupadas, isso realmente não vale a pena. Então, desculpa para quem eu preocupei e... se você já passou por isso, ou se fez alguma coisa parecida, por favor na próxima, seja mais forte que isso porque eu tô sendo mais forte, eu tô sendo mais forte por você, pelos outros, então seja mais forte, por favor."

Me desculpem.

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